Ingredientes:
Para o doce de cidra
- 2 cidras grandes
- 1 rapadura
Para a bicota
- 1 kg do doce de cidra ralada com rapadura
- 1 xícara de queijo ralado
- 1 colher (sopa) de manteiga ou margarina
- 3 colheres (sopa) de farinha de mandioca bem fina
- 2 ou 3 ovos
- Canela em pó a gosto
- 1 colher (de chá) de cravo moído
- 1 pitada de noz-moscada
- 1 xícara de açúcar refinado
Modo de Preparo:
O doce de cidra
Depois de ralar os frutos, lavá-los bem em água corrente. Colocar dentro de um saco de pano fechado e deixar de molho de um dia para o outro, sempre trocando a água para tirar o sabor amargo da cidra. De vez em quando, esfregar com as mãos, como estivesse lavando o tecido. Se o gosto amargo persistir, mergulhá-lo num tacho com água quente durante alguns minutos. Derreter a rapadura no fogo e juntar a cidra ralada, deixando por cerca de 30 minutos, mexendo algumas vezes, até que a calda seque um pouco.
A bicota
Numa bacia, juntar os ingredientes, acrescentando, por último, os ovos. Se o doce de cidra estiver com muita calda, deixar escorrer um pouco. Bater até o ponto de creme. Untar um tabuleiro com manteiga, despejar a mistura e levar ao forno médio, durante 40 minutos. Deixar esfriar, cortar no tamanho desejado e passar no açúcar refinado.
Beijo moreno
Não é de hoje que a bicota-de-mulata, ou simplesmente bicota, faz sucesso em Santa Luzia. Contam os de boa memória que Sá Laura estava sempre na porta do cine-teatro, demolido nos anos 60, com o seu tabuleiro bem arrumado. Na Rua Direita, Mariquinha de João Maria e Lourdes de Magno eram outras craques na arte de fazer o doce de cidra com rapadura virar um bolo escuro e fofo. O tempo passou, gerações se sucederam, mas a delícia de nome sonoro e curioso não desapareceu nem do imaginário popular nem das mesas luzienses.Firme na tradição, Inês Rodrigues dos Santos, moradora da rua do Serro, no Centro, tem tudo na ponta da língua, aprendeu com a mãe Marieta e não se esqueceu dos detalhes. Para facilitar a vida, ela colhe os frutos no seu quintal, mostrando que o serviço caseiro é completo. Enquanto rala os frutos na cozinha, Inês conta que a procura continua grande: crianças e adultos aprovam cada vez mais a bicota como sobremesa.
Um dos segredos, segundo ela, é tirar todo o amargo da cidra, o que requer um exercício de paciência e atenção. No final, dá tudo certinho. E basta comer o primeiro pedaço para devorar vários outros. Afinal, quem não gosta de bicota de mulata?